Sinistralidade: o que é e como calcular?

26 | 06 | 2025

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pessoa que trabalha no rh analisando a sinistralidade

A sinistralidade é um indicador essencial para as áreas de RH que gerenciam benefícios corporativos, especialmente quando falamos sobre planos de saúde.

Ela mede a relação entre o valor pago pela empresa à operadora e a frequência de uso do plano pelos colaboradores — um dado fundamental para prever e até mitigar reajustes de plano de saúde corporativo.

Quer entender melhor esse conceito e como ele impacta diretamente os custos da sua empresa? A seguir, explicamos todos os pontos mais importantes. Confira!

O que é sinistralidade?  

Em termos simples, sinistralidade em planos de saúde é a relação entre entre o custo por acionar o plano de saúde (sinistro) e o valor que a operadora do plano recebe da empresa contratante (prêmio). 

Em outras palavras, ela indica o quanto do valor pago à operadora foi consumido para cobrir despesas médicas, exames, internações e demais serviços utilizados pelos colaboradores.

Como calcular a sinistralidade?

O controle da sinistralidade é muito importante. Por isso, a seguir mostramos como ela pode ser calculada. Confira:

Sinistralidade = (Total de Despesas com Assistência Médica / Total de Receitas de Mensalidades) x 100%

Exemplo Prático: Imagine que, em um ano, a sua empresa pagou R$ 500.000 em mensalidades do plano (prêmio). Nesse período, os colaboradores usaram R$ 400.000 em consultas, exames e internações (sinistros).

O cálculo da sinistralidade seria: (400.00/500.00) x 100% = 80%.

Isso significa que 80% do valor pago ao plano foi usado para cobrir os atendimentos.

Por que a sinistralidade é tão importante?

Principal causa dos reajustes:

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) permite que as operadoras utilizem a sinistralidade histórica e projetada como base fundamental para calcular os reajustes anuais, especialmente para planos individuais e familiares. Uma sinistralidade persistentemente alta pressiona os preços para cima.

Sustentabilidade financeira:

Operadoras precisam cobrir custos (hospitais, médicos, exames, administração) e ter uma margem mínima de lucro. Sinistralidade muito alta por longos períodos pode levar a déficits operacionais, dificultando investimentos e até ameaçando a continuidade da operadora.

Qualidade da rede:

Sinistralidade descontrolada pode forçar operadoras a renegociar contratos com prestadores (hospitais, laboratórios, médicos) de forma mais agressiva, o que, em casos extremos, pode impactar o acesso ou a qualidade da rede credenciada.

Fatores que influenciam a sinistralidade: 

  • Perfil demográfico dos beneficiários: Planos com população mais idosa tendem a ter sinistralidade mais alta devido ao maior uso de serviços de saúde.
  • Perfil de utilização: Frequência de consultas, exames, uso de pronto-socorro e taxas de internação.
  • Custo médico: Preços praticados por hospitais, laboratórios, clínicas e profissionais. Inflação médica costuma ser superior à inflação geral.
  • Fraude e abuso: Solicitação de procedimentos desnecessários, cobranças indevidas por parte de prestadores ou uso inadequado por beneficiários (ex: usar o Pronto Socorro para casos não urgentes).
  • Doenças crônicas: A alta prevalência de doenças como diabetes, hipertensão e câncer impacta significativamente os custos.
  • Avanços tecnológicos: Novos medicamentos, tratamentos e tecnologias diagnósticas são frequentemente mais caros.
  • Moral Hazard: A sensação de que “já estou pagando, vou usar mesmo” pode levar a um consumo maior do que seria estritamente necessário.
  • Sazonalidade: Períodos como inverno (mais gripes/resfriados) podem elevar temporariamente a sinistralidade.

O papel da ANS e o “patamar de equilíbrio”:   

A ANS monitora constantemente a sinistralidade do setor. Embora não exista um percentual único e fixo considerado “ideal” para todos os planos, há um entendimento de que uma sinistralidade muito abaixo de certos patamares (digamos, abaixo de 70-75% para planos médico-hospitalares) pode indicar lucros excessivos ou subutilização do plano. 

Por outro lado, sinistralidade consistentemente acima de 85-90% geralmente indica forte pressão para reajustes significativos. A ANS utiliza esses indicadores na análise de reajustes e na regulação do setor.

Como a sinistralidade afeta os beneficiários:

  • Reajustes anuais mais elevados: A sinistralidade é o principal fator considerado nos cálculos de reajuste.
  • Mudanças nas coberturas: Para controlar custos, operadoras podem revisar coberturas, criar redes mais restritas ou implementar coparticipação.
  • Dificuldades de contratação/renovação: Planos com sinistralidade muito alta podem se tornar menos atrativos ou sofrer restrições para novos contratos.
  • Possível impacto na qualidade do atendimento: Pressão extrema sobre custos pode, em última instância, afetar negociações com prestadores.

Dicas de como controlar e reduzir a sinistralidade nas empresas?

1) Construa um ambiente com segurança psicológica

O Brasil lidera os índices mundiais de ansiedade e está entre os mais afetados pela depressão, segundo a OMS. Isso torna essencial criar um ambiente de trabalho com segurança psicológica — um espaço saudável e colaborativo que valoriza a saúde mental.

A cultura organizacional e a atuação das lideranças são fundamentais. Palestras, feedbacks, workshops e treinamentos ajudam a consolidar esse ambiente, desde que haja coerência entre discurso e prática no dia a dia.

2) Analise os procedimentos mais utilizados

Para reduzir a sinistralidade com eficiência, é preciso mapear os procedimentos e tipos de atestados mais recorrentes. Com base nesses dados, o RH pode identificar causas frequentes e planejar ações preventivas bem direcionadas, evitando decisões baseadas em suposições.

3) Invista em segurança do trabalho

Acidentes de trabalho são reflexo de infraestrutura inadequada e falta de treinamento. Investir em saúde e segurança no trabalho é uma forma eficaz de proteger colaboradores e reduzir o uso do plano de saúde.

4) Implemente programas de qualidade de vida no trabalho

Promover hábitos saudáveis entre os colaboradores — como cuidado psicológico, alimentação equilibrada e prática de exercícios — melhora o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Os programas de saúde da HealthBit, por exemplo, contam com um time multidisciplinar de profissionais da Saúde que planejam e executam o acompanhamento dos seus colaboradores.

5) Invista em Atenção Primária à Saúde (APS)

Investir na Atenção Primária à Saúde (APS) é uma das formas mais eficazes de as empresas diminuírem o índice de sinistralidade nos planos de saúde. Isso porque a APS tem como foco a prevenção, o cuidado contínuo e a promoção do bem-estar dos colaboradores. Com esse modelo, é possível garantir o diagnóstico precoce de doenças, evitar o agravamento de quadros de saúde e oferecer um acompanhamento regular e integrado.

Na HealthBit, oferecemos soluções completas em APS e clínicas in company que ajudam a transformar a gestão da saúde dentro das empresas. Por meio de um atendimento próximo e personalizado, contribuímos para reduzir custos, melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e fortalecer o cuidado preventivo. 

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O que significa “Risco de Sinistralidade”?

No universo de saúde suplementar, risco de sinistralidade refere-se à probabilidade de um grupo de beneficiários apresentar custos assistenciais significativamente superiores às receitas arrecadadas.

Para empresas contratantes, esse risco se materializa quando:

– O perfil epidemiológico dos colaboradores indica alta prevalência de doenças crônicas  

– Há histórico de utilização inadequada de serviços de alta complexidade  

– Existem gaps em programas preventivos e de gestão de crônicos  

Grupos classificados como “de alto risco” pelas operadoras podem sofrer reajustes superiores a 20% ao ano.

O reajuste por sinistralidade é legal?  

O reajuste por sinistralidade nos planos de saúde coletivos por adesão é permitido e acontece quando a operadora alega que houve um aumento no uso dos serviços médicos por parte dos beneficiários. Na prática, isso significa que, se mais pessoas do grupo usarem o plano, o valor da mensalidade pode subir. 

No entanto, esses reajustes muitas vezes são aplicados sem explicação clara ou detalhamento dos cálculos, o que gera insegurança para o consumidor. A Lei 9.656/98 exige que os critérios de reajuste estejam previstos de forma clara no contrato, justamente para evitar esse tipo de problema. 

Já a Resolução Normativa 195/09 determina que nenhum contrato pode ser reajustado antes de completar 12 meses, exceto em casos de mudança de faixa etária. 

A RN 309/12, por sua vez, exige que contratos coletivos com menos de 30 vidas sejam agrupados, de modo que compartilhem o mesmo índice de sinistralidade e reajuste, promovendo maior equilíbrio entre os planos. 

Como a sinistralidade afeta os reajustes coletivos  

Planos empresariais operam na lógica de mutualismo: os custos do grupo são rateados entre todos os participantes. Quando a sinistralidade ultrapassa patamares de equilíbrio (geralmente 85-90%), podem ocorrer:  

– Reajustes anuais exponenciais (25-40% vs. média de mercado de 12-18%)  

– Implementação compulsória de coparticipação elevada  

– Redução progressiva de coberturas essenciais  

Sinistralidade: um indicador essencial na definição dos custos

Compreender os fatores que influenciam a sinistralidade — como o perfil demográfico dos colaboradores, os custos médicos e os padrões de uso — é fundamental para que gestores de RH e de benefícios atuem de forma proativa. 

Promover uma cultura de saúde preventiva, incentivar o uso consciente do plano (evitando, por exemplo, idas desnecessárias ao pronto-socorro) e criar canais internos para orientar e acolher os colaboradores são ações que contribuem para a sustentabilidade do plano.

Além disso, práticas como auditoria de contas médicas, análise de indicadores assistenciais e parcerias que ofereçam programas de promoção à saúde ajudam a controlar a sinistralidade e a garantir que o benefício permaneça viável e estratégico para a empresa.

A gestão da saúde suplementar no ambiente corporativo exige corresponsabilidade: operadoras devem prezar por qualidade e transparência, enquanto empresas e colaboradores precisam atuar com consciência e planejamento. Esse equilíbrio é essencial para preservar a saúde financeira do benefício, melhorar a qualidade de vida dos times e reforçar o valor do plano de saúde como um diferencial competitivo.

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